Mas todo mundo tá na rua...
Lá pelas tantas da noite, minha mãe me chamava aos gritos "Menina! Venha simbora que já ta tarde!" E lá se via eu, suada, sem a cabeça do dedo do pé, os cabelos mais bagunçados do que os brinquedos na cama, correndo para chegar logo na mamãe e pedir "Mamãe! Mas todo mundo ta na rua! Deixe eu brincar mais!" e ela dizia só mais um pouco. E assim, eu voltava pra rua, as crianças das redondezas todas unidas, jogando rouba-bandeira que na verdade era " roba -bandeira", garrafão, jogava bola (mais chutando as canelas do que a própria bola), bila etc. Terminava o dia, a garganta doía de tando gritar "Aqui aqui aqui!!" e a mãe mandava ir tomar banho. Meu Deus! Era horrível! Cansada e toda dolorida da correria e eu ainda tinha que tomar banho?! Onde já se viu? Mamãe, não vou. Ah vai sim. Naaaaaam!! Isso não existe, não tem pra quê. Bom, tudo bem. Eu tinha que ir, era obediente, embora fosse totalmente contra a minha vontade. E começa a arder